O dia em que eu fui “limado” do Monitor do Free Jazz… SQN!!!

Miller Blog

Inesquecível aquele dia (e o susto) no escritório da Stage Brainz… A frase do Pena Schmidt soou como uma bomba nos ouvidos: “Farat, você não vai mixar os monitores do Free Jazz esse ano!!!”… Como assim??? Caiu a casa!!!… Aí veio o complemento: “Vai cuidar exclusivamente da Marcus Miller Band, pois o manager é também o cara que mixa o PA e eu não quero ter problemas, ponto!!!”… Hahahahaha, que chato isso!!!

Bom, lá fui eu pro Maksoud Plaza conhecer o tal manager. Um cara super do bem e tão atencioso quanto exigente. Aquela empreitada incluía locar exatamente o mesmo equipamento de monitor que a Gabisom disponibilizaria no stage do Palace, para ensaiarmos o show no teatro do hotel. Um kit “básico” de monitores Clair, Yamaha PM3000 (na verdade acho que era a PM4000), os mesmos mics, amps, etc… Básico e pesado!!!…

Um soundcheck que começaria com Lenny White & Poogie Bell nas bateras já valeria todo o trabalho daquela edição do festival. A frase “o microfone é o primeiro que ouve” nunca foi tão apropriada para uma situação de mix de bateria como essa… É só não fazer nada além de levantar os faders, equilibradamente, e não tentar transformar esses caras em bateras de mentira, com uma equalização ridícula, só pra mostrar (des)serviço!!!… O Lenny perguntou, “Farat, o que vc fez na equalização da bateria???”… Gelei na hora e respondi, “absolutamente nada”!!!… Nunca vou esquecer o sorriso de aprovação do meu ídolo (ele até revelou alguns segredos pra esse boy de construtora metido a besta aqui)!!! O que era a afinação do Lenny???!!!… Em todos esses anos de monitor, nunca ouvi um som tão pronto pro stage como naquele ensaio e stage!!!

Do Sr. Miller, não há o que dizer. Aquele som de bass entrou como uma luva nas duas bateras tocando juntas, sem uma trave nas duas horas de concerto. Uma disciplina absurda nesse palco. Nas horas de improviso ok, saiam de baixo, mas o resto, parecia o ensaio filmado!!! Fato…

Não me lembro o nome do guitar player (falha imperdoável), mas o cara do piano era “um tal de” Joe Sample !!!… Um monstro… Impecável classe com as teclas. E pra completar o time, nos vocais, Mr. Al Jarreau (e seu velho e bom SM58, com a capsula enrolada em espuma artesanalmente fixada com black tape!!!). Free Jazz, eu te amo!!!

Muito gratificante a lembrança desses dias… Já no palco do nosso querido Palace, os únicos desafios que ficaram para o dia do show foram calmamente resolvidos: a exigência de dois mics AKG414 em X/Y no piano acústico, com a tampa aberta, ao lado do amp do Marcus, entre as duas baterias, e o mais complicado, evitar o ataque cardíaco/respiratório do Feijão (da nossa equipe) quando o roadie do Marcus Miller não plugou o bass na hora do show, depois de afiná-lo brilhantemente!!! Hahaha.

Te devo essa Pena Schmidt… Let’s mix Music!!!

Abraços.