Florencia Saravia-Akamine por Florencia…

Blog FloEu me tornei quem eu queria me tornar: um Engenheiro de Som…

Aceitei o convite do meu amigo e, também, engenheiro de som, Paulo Farat para escrever sobre a minha trajetória. Não acho que tenha nada de muito diferente dos demais técnicos. Mas, espero dar um pouco de fôlego para aqueles que desejam seguir este ofício tão específico da música.

Sempre gostei de tocar algum instrumento, mas foram os sintetizadores que mais me atraíram. Acho que são instrumentos fabulosos, muito cheios de possibilidades e, mais que tocar, eu gostava de vê-los tocar o que eu tinha programado e mudar timbres e envelopes dos sons.

Foram os sintetizadores que me levaram por todos os caminhos que eu quis seguir no áudio. Desde o encontro com a primeira revista Música & Tecnologia que era distribuída nas escolas de música em forma de jornalzinho gratuito (ali li pela primeira vez um artigo do Sólon do Valle e um artigo do Roberto Ramos), passando pela visita a um estúdio no bairro da Glória (onde me apaixonei por uma mesa de som, aos 13 anos), até a alegria que é, para mim, trabalhar com computadores.

(Eu brinco dizendo que, na verdade, eu AMO tudo que tem um coração de cristal batendo e um ego com linha de comando.)

É árduo chegar a ser um técnico de som no Brasil. até pouco tempo atrás tínhamos poucas opções de ensino formal. Antes do advento da internet, era mais difícil ainda conseguir os materiais de estudo. Qualquer manual era um tesouro a ser explorado. Hoje, sinto que há muitas formas de se adquirir conhecimento e acredito que o campo de trabalho também se expandiu enormemente. Sempre estudei e continuo procurando o que estudar. Isso nunca para.

Passar pelos longos anos de flutuação de agenda e cachês baixos, também não é para todos.

Dormi no estúdio, trabalhei de graça, trabalhei por misérias, tomei alguns calotes e muitos puxões de tapete. Enfim, todos nós temos que passar por algumas situações para chegar onde queremos chegar. Um dia, seu trabalho começa a ser valorizado e você consegue viver do que era, antes, só amor.

Mas, também não é um ofício para qualquer aventureiro. Só fica quem é bom de verdade e quem gosta de verdade do que faz. Sempre gostei dessa “peneira natural” da nossa profissão.

Também é de certa forma, um ofício generoso: quanto mais velhos somos, melhores profissionais nos tornamos.

Fico feliz de que, hoje, temos mais mulheres trabalhando bem como técnicas de som. Há pouco tempo atrás, éramos muito poucas. Porém, ainda há muito a se conquistar nesse sentido. Não só no áudio, como em várias outras profissões.

Meu trabalho me trouxe muitas alegrias, não só realizações profissionais: trouxe amigos de verdade, cidades novas, e a minha própria família.

Aprendi com muitos mestres generosos, como o Mayrton Bahia, Fábio Henriques, Sólon do Valle, Carlos Roberto Peddruzzi, Guilherme Reis, Marcio Gama, Marcos Adriano, Flávio Senna, Vitor Farias e Carlos Freitas. Tive a sorte e aproveitei muito a oportunidade de vê-los trabalhar. A maior lição que aprendi com eles foi a de sempre espalhar a informação. Nosso trabalho só é bom se todos os envolvidos são bons profissionais. Ninguém trabalha sozinho…

Florencia Saravia-Akamine

http://proaudioclube.com/florencia-saravia-akamine/

 

 

Errar (feio) é humano, e (foi) muito produtivo!!!…

IMG_5452Bom, era mais uma tarde tranquila no extinto Palace, em mais um festival de sucesso, com um belo equipamento nas mãos e o empenho em “não errar”, frase clássica do Pena Schmidt, que virou nossa paranoia saudável.

Grandes (e detalhistas) músicos no stage, em uma clássica formação de piano acústico (aberto), baixo acústico (só mic), sax & bateria (kick, snare & overs)… Uma passagem de som absolutamente tranquila, apenas pequenos ajustes de filtros e EQ, o monitor falando bonito, na mais perfeita ordem, com o resultado final aprovado por todos, com louvor!!!

Naquele dia eu fiquei surpreso com o pouco tempo de soundcheck e o resultado ao qual chegamos no stage… O clássico “monitor de jazz” perfeito. Os zerados e eficientes monitores Meyer UM1P da Loudness e a incrível Midas XL3, garantiram o sucesso do ensaio.

Todos para o hotel e aí veio o susto… Eu, em um descuido absoluto, talvez muito relaxado, pois era o terceiro dia do evento, deixei todos os gráficos em by-pass na console, ou seja, TREVA!!!… Só que não, pois foi o melhor e mais eficiente monitor de UM1P que eu fiz na vida!!!

Não contei isso pra ninguém, muito menos pro Pena… O plano B, “just in case” era deixar uma curva presetada pro showtime… É claro que não precisou!!! Hehehehehe. Um brinde ao “flat mode on” no monitor.

Como é bom errar assim!!!

Até a próxima!!!