A Disco Music…

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Antes da grande virada que a “era Pro Tools” provocou no som e na vida dos estúdios, duas outras foram muito marcantes em minha opinião: os Beatles (é claro) e a Disco Music! Outro dia “repassando” discos do Chic e do Voyage, por exemplo, ficou explícito que a Disco realmente foi uma aula de gravação e mixagem sem precedentes… A essência artística era a palavra de ordem!!!…

O som de “Le Freak” é uma delícia (assim como todas do Chic) e de “Souvenirs” do Voyage então, nem se fala. Os caras abusaram da criatividade nos disco yers, uma época que revelou grandes produtores, com um bom gosto incrível nos timbres e mixes, além do potencial que tinham nas mãos e faders (super vocais, grandes baixistas, “clavineteiros” da pesada e aquele som de bumbo mortal, entre outras coisas…).

Quer conferir ou relembrar? Aqui vai uma listinha de hits da época: Le Freak (Chic), Souvenirs (Voyage), On The Beat (The B.B. & Q. Band), Got To Be Real (Cheryl Lynn), Celebration (Kool & The Gang), Boogie Oogie Oogie (A Taste of Honey), Disco Inferno (The Trammps), We Are Family (Sister Sledge), Get Off (Foxy), Disco Nights (GQ), Dance – Disco Heat (Sylvester), Macho Man (Village People), e por aí vai… E olha que faltou muita gente: Bee Gees, Rick James, Quincy Jones, Cerrone, Greg Diamond, o início de tudo com Andréa True Conection, Donna Summer, Glória Gaynor, KC & Sunshine Band… É impossível citar todo mundo!

Bebam muito nessa fonte, pois quem balançou o cérebro no Aquarius e “melhores casas do ramo” sabe do que eu estou falando! Por falar em flash-back, e não dizer que o Brasil não fez Disco Music não se esqueçam das Frenéticas, Lady Zu, Harmony Cats entre muitos…

Muito, mas muito bons tempos do áudio!

Até!!!

A “Pendrive Generation”…

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Sem generalizar, é claro, e dentro da mais explícita ética, não podemos ignorar a presença cada vez mais forte da “pendrive generation” no mercado do áudio… Na minha humilde opinião, a quantidade de mordomias tecnológicas que sempre sonhamos nos tempos dos mapas de palco feitos em Xerox dos módulos das mesas, e que chegaram muito rápido ao mundinho insano do áudio, nos apresentou uma escalação de gente muito talentosa, mas ao mesmo tempo uma outra, com um pouco menos de discernimento…

Vamos pular o Universo da gravação, onde não é impossível ouvirmos a pergunta “que tipo de música esse cara canta???” no dia da gravação do “fagote”, e nos reportar apenas ao stage…

No inicio dos anos 80, quando na minha ansiedade de moleque, já pilotando no estúdio Vice-Versa, e já tomando muito tapa na orelha do Luiz Botelho e do Vinicão, para que nunca e em nenhum outro tempo falasse na primeira pessoa do singular e estudasse em todos os seus parágrafos o “The Recording Studio Handbook” (John M. Woram), ficou bem claro o caminho a seguir antes de viajar equivocadamente no “glamour” da profissão… Informação e saber o meu lugar no mercado eram as regras básicas e obrigatórias!!!

Foi nessa época que comecei a conviver com caras como (além dos já citados Luiz Botelho e Marcus Vinicius) Wilson “Kabeleira” Gonçalves, Ricardo “Franja” Carvalheira, entre outros que faziam chover no live, mas eu quero citar um em especial, que foi meu mestre absoluto no stage; “Sir” Vitor Correa, o maior Engenheiro de Monitor desse país… O que eu vi esse maluco fazer com quatro vias e 16 canais de input me empurrou definitivamente pra cada detalhe de uma boa mix ao vivo… Conhecer a banda, saber as ferramentas disponíveis em cada evento e, o principal, “fazer o básico, bem feito!!!”…

Eu agradeço todos os dias ter conhecido a postura e o dia a dia desses malucos, porque até hoje utilizo cada minuto dessa convivência para aprimorar meu som e filtrar meu dia a dia… Eu imagino, por exemplo, alguém da “pendrive generation” trabalhando um dia sob a batuta do mestre Pena Schmidt e a paranoia saudável de não errar da Stage Brainz nos stages do Free Jazz, entre outros!!!…

O comprometimento com o áudio vai muito além de equalizar “com os olhos” e rejeitar consoles porque não tem uma tela enorme, entre outros absurdos… Vai muito além de fazer vinte e cinco shows por mês e atropelar profissionais a qualquer preço numa concorrência desleal jamais vista no mercado… Na verdade, o próprio mercado ditou essas regras, e tem muita gente que embarcou nesse Titanic…

Quem está no mercado há anos está, e nada vai mudar… Penso exclusivamente nas novas gerações… Deve ser desesperador o encontro das possibilidades master de informação contra os caminhos nem sempre éticos que o mercado oferece… É a banalização do áudio, literalmente!!!… É explicito o dano que isso anda causando na mão de obra, na postura, no discernimento, nos valores cobrados… Uma pena!!! Enfim, um assunto delicado e longo, que balança egos e comportamentos…

Muita história ainda vai rolar, mas é a hora de repensar os caminhos, como eu disse no início do post, sempre dentro de uma explícita ética, pois a culpa pode não ser apenas dos “pendrivers” para um prejuízo tão extenso!!! … Na verdade todos estão aí… Só façam a escolha certa… Usem todas as mesas disponíveis, todos os monitores, todos os ears… Façam das suas mixes uma festa e dos pendrives apenas uma ferramenta de arquivo!!!… É por isso que estamos aqui… A Paixão pelo áudio bem feito!!!

Bom, “that´s all folks”…

Abraços!!!