O “efeito Rock In Rio”…

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Nada como um grande festival nos moldes do Rock In Rio para (sem generalizar, como sempre, e guardadas as devidas proporções…) que o mesmo assunto volte aos papos da galera do áudio: até onde o comprometimento e o foco do show bizz nacional se aproxima das gigs gringas que estamos assistindo???!!!

Logo na primeira semana, depois dos shows da Beyoncé, do Justin, e agora depois do massacre do Bruce Springsteen entre outros exemplos, fica aquele gostinho amargo de que estamos tomando de lavada, em (quase) todos os sentidos… Não preciso justificar o “quase”, já que além do evento ser brasileiro, temos Gabisom, uma quantidade enorme de engenheiros, técnicos de palco e produtores de ponta daqui botando a coisa pra funcionar em condições pouco vistas no planeta… (Desculpem, mas tenho que citar esse “pequeno detalhe” sim, pois muita gente que não é do nosso meio também clickam nesse blog, ok???!…)

Novamente, guardadas as devidas proporções em relação ao espaço que artistas como esses ocupam no planeta, nos números que geram para a indústria da música (e dezenas de quesitos, que desde a fonte já nos afastam de resultados vitoriosos), o que mais impressiona é o foco!!! Artístico, musical, empresarial e tecnológico…

Como Engenheiro de Áudio é claro que eu vou direto ao assunto que mais interessa, ou seja, o som!!!… Agora, que muita coisa vem antes disso, não tenham dúvidas… Quando vejo críticas sem nenhuma ética nas redes sociais e na mídia, sobre esse banho que levamos dos caras de fora, fico indignado… Eu acredito que a ordem das coisas esteja proporcionalmente invertida!!!… O exemplo vem de cima galera… O comprometimento dos artistas com a carreira, o dos empresários em criar condições de trabalho e exposição da obra e, finalmente, passar a bola para uma produção eficiente são etapas explícitas no resultado final…

O que assistimos nos dois shows que citei acima é de dar água na boca… Com certeza esses artistas ensaiaram suas criações exaustivamente com suas (incríveis) bandas, com PA, in-ears, roadies, iluminação, leds e produtores de stage por centenas de horas trancados num galpão, com situações de estrada confortáveis, enquanto seus escritórios tomavam as precauções para que eles jamais se apresentem em palcos amarrados com arame, com a house mix e monitor (não necessariamente nessa ordem) tomando chuva nas mesas e racks, (vou pular a parte do “É O Que Temos Som & Luz Ltda.”) ou o gerador, mais parecendo uma máquina de caldo de cana do que um equipamento de primeira importância!!!… Fato. Além do que, em uma situação inimaginável dessas, determinadas bandas trariam seu próprio arame!!!

Não é fácil, eu sei… Moramos aqui e a realidade é a daqui! Se você não gera dinheiro não pode criar condições, ponto… Mas isso não pode ser desculpa pra falta de discernimento ou justificar tanta porcaria na estrada, ok??? É possível fazer bem feito sim!!!… Se a engenharia “tem que” se virar, porque todos os outros envolvidos não???… Simples assim…

Não vou me alongar muito com esse post, mas que esse Rock In Rio sirva de lição para quem não passa nem perto desse nível impressionante de comprometimento & dedicação das gigs internacionais e principalmente, para os que colocam no mesmo saco e questionam a engenharia nacional de ponta e nossos artistas focados em suas carreiras, em sessões insuportáveis de “babação” e “gringolatria”… Por aqui sabemos exatamente sobre como as coisas acontecem no show bizz…

É hora de reflexão em todas as áreas envolvidas… Urgente!!!

Abraços e até o próximo…

(PS: A histórias como a do touro que entrou no meio da passagem de som um dia, em um stage que eu não me lembro qual foi, e arremessou o praticável da percussão com o roadie apavorado em cima dele, e só não pediu um pouco mais de teclados no side porque não estávamos em “Narnia”, eu conto qualquer outra hora, ok???)

Farat

O Público!!!… Esse bravo exército da Música!!!

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“O que vai sustentar a Música será o público pagante. Eu penso assim. Como incluir este conceito se só pensamos em cachets, aquele cheque que não nos conecta ao público. As bandas, os artistas, os músicos precisam praticar a arte de trocar com seu público, aqueles que se dispõe a pagar para seu artista… Você não tem público para chamar de seu??? Hora de repensar sua carreira, primeiro seu público!!!”… (By Pena Schmidt)

Esse era o post do mestre Pena um dia desses no facebook… Nada mais “no alvo” do que isso… O respeito com o público comanda um ciclo gigantesco de “efeitos colaterais”!!!… (E assunto pra muitos posts e conversas!!!).

O “comprometimento” transparece… É explícito o sucesso de artistas e bandas comprometidas com seu público… É um ciclo mágico!!! O merecimento só vem com o comprometimento, que só existe onde a essência impera… Fato!!!

Essência… Palavrinha mágica. O respeito com o público começa na fonte… Quer um exemplo??? A cantora Charice Pempengco… A valorização da essência capitaneada por David Foster, desde a primeira aparição pesada dessa menina no programa da Oprah Winfrey, até o blu-ray “David Foster & Friends II”, é explicita!!! Eu tiro o chapéu para um trabalho de altíssimo nível como esse, focado ao extremo, visando hipnotizar as plateias!!!… Tem muito dinheiro nisso??? Claro que tem… O show bizz vive disso, mas é (muito bem-vinda, é claro) consequência!!!..

Na minha época de Milton Nascimento, paralelamente fora as tours internacionais gigantes e grandes capitais visitadas pela gig, agendas no interior por cidades que ninguém um dia imaginaria uma produção desse nível aportando nos ginásios e campos de futebol eram viabilizadas!!!… O brilho nos olhos do público nunca teve preço para nenhum de nós da equipe, e principalmente do próprio Nascimento.

O bom exemplo vem de cima!!!… Artista com uma concepção de carreira comprometida com seu público vai muito além de uma sensação de realização, de missão cumprida… Gera equipe comprometida, gera produção local comprometida, gera mídia comprometida, gera “envolvidos em todas as áreas” comprometidos… É uma montanha de neve, não uma bola… Tudo anda, tudo funciona… Não cobre nada de ninguém, de nenhum departamento que envolva carreira se você não der o exemplo. Fato…

Como disse mestre Peninha, “você não tem público para chamar de seu??? Hora de repensar sua carreira!!!”…

O futuro da Música agradece!!! Quem depende dela, mais ainda…

That’s all folks!!!