Um brinde ao básico…

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o convite da Backstage para “blogar” por aqui e aos poucos dividir com todos algumas histórias do stage e seus “derivados”… É sempre interessante uma nova porta para que possamos conversar sobre esse mundinho gostoso e divertido do áudio!!!… Vamos lá…

Ok galera, estamos numa época de formadores de opinião e do “clique aqui” no caminho virtual (e muito bem-vindo) das informações… Mas o que foi feito do básico??? No final dos anos 70 e início dos 80, na sala de reuniões do Estúdio Vice-Versa, a primeira coisa que o mestre Luiz Augusto Botelho me disse foi: “Farat, existe um coisa que precisa ser respeitada, e muito nessa profissão… o ZERO!!!”… Um dia desses numa palestra/bate papo, me perguntaram qual o caminho e o que fazer para estar entre os melh… Opa!!!… Nada de “o melhor”… Não existe o melhor engenheiro, existem os melhores procedimentos… O procedimento certo é o melhor… O som já foi descoberto há milênios, não inventem moda, por favor…

Sem generalizar, é claro, hoje em dia é comum, se colocarmos nossas mesas no “zero”, modulando o pré “cheio”, com as nossas mixes utilizando todo o potencial da mesa, provocarmos o estouro da boiada em um show de feira ou quebrarmos os vidros de dois quarteirões ao redor do espaço, por exemplo, pois o processador do PA vai estar em “+ 40 db” na entrada, ou “+ 20” no sub, e coisa parecida… rs! Por favor, vamos respeitar o “zero”… Quantas vezes eu perguntei como estava um processador que eu não conseguir acessar, e que resposta foi: “o botão de entrada ta em 3 horas!!!”… Como assim, o botão está em 3 horas???… E a leitura da entrada??? Hahahahaha… O fantasma da estrutura de ganho anda vagando por aí ainda, por mais que não pareça!!!

Exemplos como esses geram a perguntinha óbvia: “O que foi feito do básico???” Microfonação, alinhamento, energia adequada… Um certo dia o “cara” do gerador quase saiu correndo atrás de mim com um caibro porque eu pedi o meu com abacaxi e três pedrinhas de gelo!!!… Juro que era uma máquina de garapa o que eu estava vendo!!!… Nós não “fazemos” som pra ninguém… Nós transportamos o conteúdo artístico e a capacidade de execução musical para os ouvidos das pessoas, usando com o maior discernimento possível as ferramentas disponíveis… Os toques pessoais nos efeitos, processamentos de dinâmica, etc é que vão dar a “assinatura” de cada um no resultado final… E só!!!

A frase “o microfone é o primeiro que ouve” é espetacular e explícita!!!… O nosso velho e fiel companheiro microfone!!!… Que sofrimento esse cara tem passado ultimamente… Quando não está todo amassado por desempenhar a função saco de pancada, a cápsula continua molhada da chuva do dia anterior e ele pode estar fora do lugar ou de especificação… Sem contar que, artisticamente falando, ele também é o primeiro que ouve…

Também considero um dos itens “técnicos” importantíssimos dessa conversa, os profissionais das empresas terem tido uma bela noite de sono e um chuveiro quente, depois do show do dia anterior e deixado os cases das mesas para a proteção e segurança das mesmas… Não da pra pedir nada pra quem dormiu a noite toda numa tampa de console e coberto com lona amarela!!!…

A qualidade das empresas de locação, seus investimentos e equipamentos de ponta tornaram nossa vida on stage muito mais fácil, e nosso tempo útil pode e deve ser direcionado para uma exaustiva busca da informação e da concepção adequada ao trabalho… Por favor, não transforme um projeto vitorioso de milhões de dólares em uma aberração sonora com uma “curva” de EQ tão equivocada quanto cinematográfica!!! … (Ah, também tem aquela do processador bloqueado por “segurança” [????!!!!] e o responsável que tem a senha estar fora de qualquer possibilidade de contato…hahahahahaha).

Checar transmissão e recepção, alinhar e zerar entradas e saídas, conferir energia, monitores, in-ears, microfones, cabos, dar aquela repassada na sua cena da mesa, bater um bom papo com a galera do evento sobre os resultados do dia anterior de trabalho, etc é uma tarefa extremamente agradável e produtiva… Juro que é!!!

Em tempos de muita gente falando na “primeira pessoa”, gostaria de esquecer essa parte desinteressante e pouco produtiva de seguidores e usuários do “eu fiz”, “eu faço”, etc e fazer um brinde ao conceito “todos pelo resultado final”, ao básico e a informação total!!!… Só o básico… O som agradece, o mercado agradece… A melhor maneira de definir o conceito “o melhor”…

Abraço do Farat!!!

10 ideias sobre “Um brinde ao básico…

  1. Pôxa bacana queridão..vc sabe que sou seu fã!!!
    Ontem já teve um encontro maravilhoso!! Gilberto Gil e Jorge Ben Jor…no ginásio Ibirapuera….apesar da acústica rui…foi um belo show…só os velhinho que estavam lá….foi muito bommm!!!

  2. Parabéns “Turco” por mais essa empreita espero ler mais e mais textos como este que reune conhecimento técnico, experiençia reunidos num texto leve e de fácil leitura. Da gosto de ler textos como esse. Um grande abraço do teu editor , risos

  3. Adorei a matéria, seus conceitos de qualidade são tudo aquilo que tambem defendo, mas tem muito técnico que deveria ler mais, principalmente uma materia igual a sua, pois fazem totalmente o oposto do que vc escreve e faz, tratam a equipe da locação como escravos, os equipamentos como lixo e o ouvidos do publico como privada. Vem não pelo todo, pelo objetivo final, mas pelo eu faço, eu sou, eu quero assim se não num¨ROLA¨o show! Egocentrismo! Mas fico feliz em ler e saber que tem gente muito boa nesse ramo.Parabéns.

  4. Grande Farat, muito legal suas colocações, tenho boas lembranças da nossa convivência na Vice-Versa, celeiro de tantos craques do Áudio nacional e você realmente merece estar no primeiro time dessas feras. Grande abraço do amigo e sempre aprendiz Beto Martins….

  5. Paulo,
    Adorei seu texto! E eu sempre penso nisso: o que seria do mundo sem o som, sem o áudio? Uma chatice, certamente…. Parabéns pelo seu trabalho!!!! Abraços,

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